A Polícia Civil deflagrou, nesta terça-feira (10), operação no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina contra uma quadrilha que aplica o chamado golpe dos nudes. Em um ano e meio de investigação, foram ao menos 50 pessoas lesadas, de diversos Estados. Entre as vítimas, há o prefeito de uma cidade gaúcha.
Em cada um dos golpes, os criminosos obtinham os mais variados valores, mas a maioria ficou entre R$ 1 mil e R$ 3 mil. Os delitos apontados são extorsão, estelionato e associação criminosa.
A investigação é do titular da 2ª Delegacia de Polícia de Combate à Corrupção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Vinicios do Valle. Ele comandou “Operação Branché”, nesta manhã, que contou com 35 agentes e apoio de um helicóptero.
Foram cumpridas seis ordens judiciais de busca e apreensão em Porto Alegre, Gravataí, Charqueadas e Florianópolis. As ordens de prisão foram solicitadas à Justiça, mas indeferidas.
Falsa delegacia para ameaçar prefeito
Valle destaca que uma das vítimas é prefeito de uma cidade no Rio Grande do Sul. Este caso, inclusive, deu início à apuração policial.
A vítima recebeu mensagens de uma suposta adolescente, dando a entender que a ideia seria manter um relacionamento, mas que, inicialmente, fossem trocadas fotos íntimas. Mas o prefeito desconfiou e, mesmo assim, diz que passou a ser ameaçado caso não pagasse determinado valor para que a troca de informações — mesmo que de forma inicial — não fosse repassada a sua família.
Todas essas informações constam no inquérito policial. O delegado diz que os criminosos montaram até um cenário como se fosse uma delegacia de verdade e com falsos agentes para tentar extorquir o político.
Segundo Valle, o caso envolvendo o prefeito ocorreu no segundo semestre de 2020 e, como a polícia foi avisada a tempo, não ocorreu a extorsão, até porque ele não chegou a repassar imagens, apenas as recebeu. Para não expor a vítima e também por questões de segurança, a polícia não está divulgando o nome do político — assim como não está revelando nem mesmo a região, partido ou valor exigido.
— Mas assim como o prefeito, há várias vítimas no Rio Grande do Sul e também em outros Estados, como no Rio de Janeiro. Este grupo tem ainda uma forma de agir, que é sempre tentar encontrar pessoas que fossem agentes públicos — diz Valle.
A operação tem como objetivo obter mais provas contra os investigados e saber o total de valores repassados pelas vítimas ou que foram exigidos, bem como o total de pessoas lesadas. Os mandados foram cumpridos em locais onde os suspeitos residem — incluindo o Complexo Prisional de Charqueadas, já que alguns atuam dentro das cadeias.
Com a conclusão do inquérito, a polícia pretende contabilizar o número exato de vítimas e o valor exato que foi extorquido delas.
Modo de agir
Valle afirma que o golpe do nudes pode ter variações entre um grupo e outro, mas via de regra tem a mesma forma de abordagem e atuação. Assim como em outros casos, o golpe aplicado pela quadrilha alvo da operação era procurar vítimas em potencial, geralmente homens de meia idade, casados e com poder aquisitivo. Eles utilizavam mulheres para os primeiros contatos, e elas se passavam por adolescentes na troca de mensagens ou imagens.
Depois disso, alguns se passavam por pais das supostas adolescentes e também por policiais. Para isso, montavam cenários idênticos aos de uma delegacia e usando falsos agentes na hora em que ligavam para as vítimas. Eles ameaçavam abrir inquéritos, realizar prisões ou até repassar as fotos para familiares das vítimas.
Informações GaúchaZH
Foto Ronaldo Bernardi / Agência ZH