Chegaram hoje em Tucunduva várias peças que pertenceram ao cantor nativista Cenair Maicá, morto em 2 de janeiro de 1989. Os objetos enviados pela família do cantor, nascido em Tucunduva no ano de 1947, farão parte de uma Mostra promovida pelo CTG Querência Xucra de 03 a 20 de setembro. De acordo com a Patronagem do CTG, já estão em Tucunduva doze quadros, oito troféus, duas pastas com jornais e fotos, um pala, uma faixa preta, um lenço vermelho, uma mala de garupa, uma cuia, facas, uma gaita,uma placa, uma fita cassete e capa de quatro discos. O CTG preparou uma pequena cerimônia para receber o acervo, cujas peças adentraram ao recinto do CTG pelas mãos de membros da entidade e apresentadas pelo compositor Danilo Fagundes.
Este acervo estará disposto em um local especialmente preparado para a exposição, que pretende mostrar um pouco deste grande artista. Esta será mais uma atração que está sendo programada pelo CTG Querência Xucra que terá a Semana Farroupilha mais importante de sua história, sendo a sede da distribuição da Chama Crioula para todos os municípios de 3ª Região Tradicionalista, no dia 3 de setembro. Neste mesmo dia acontecerá um show com Família Maicá, que estará apresentando algumas das principais composições de Cenair.
A Mostra Cenair Maicá Tronco Missioneiro não terá cobrança de ingresso. Escola e visitas coletivas deverão ser agendadas a partir do dia 12 de setembro pelo telefone/whats 9 9621.0524 com a Lucia.
Quem foi Cenair Maicá
Cenais Maicá nasceu na localidade de Água Fria,hoje em Tucunduva, na época distrito de Santa Rosa (atual município de Novo Machado), filho de Armando Maicá, o “seu Mandico”, e Dona Orcina Lamarque Maicá. Aos três anos de idade mudou-se com sua família para a província de Misiones, na Argentina, para viver em carreiras, acampamentos de extração de madeira às margens do rio Uruguai. Foi com os peões argentinos e paraguaios que trabalhavam com seu pai que Cenair aprendeu os primeiros acordes de violão. Cursou o primário no colégio General Belgrano, em Três Pedras, Oberá.
Passou a maior parte de sua vida em Santo Ângelo, onde começou sua carreira musical com o irmão Adelque já aos 10 anos de idade. Tornou-se conhecido ao vencer o 7º Festival do Folclore Correntino, em 1970, em São Tomé, na Argentina, com a música Fandango na Fronteira. Apresentou-se junto do compositor da canção, Noel Guarany, e a vitória garantiu aos dois a gravação do disco compacto Filosofia de Gaudério (1970). Trabalhou com José Mendes e depois com Noel Guarany. Cenair gravou um compacto duplo e quatro LP, dois deles reeditados em CD.
Aos 17 anos de idade, num acidente, perdeu um rim, o que veio, mais tarde a comprometer sua saúde e influenciar no seu prematuro falecimento, que ocorreu em 02/01/1989, aos 41 anos, devido a uma infecção hospitalar contraída durante a colocação de uma prótese femural. Os problemas de saúde haviam começado em 1984, quando o rim que lhe restara começou a falhar e Cenair precisou fazer hemodiálise, o que o deixou ainda mais debilitado. Chegou a fazer um transplante de rim em 1985, doado pelo irmão Darci Maicá. Seus restos mortais encontram-se na cidade de Santo Ângelo, onde existe um memorial em sua homenagem na entrada do Cemitério Municipal.