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Coluna do Garbin: O Super Chico!

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Por Alexandro Fronza Garbin

Há alguns anos, apareceu um gato de rua na minha casa. Era um gato diferente, pois era mansinho e estava sempre com muita fome! Para ganhar comida, entrava na casa de mansinho, como se pisasse em ovos. Minha mãe e eu já estávamos acostumados com aquela presença, pois todos os dias em torno das 10 horas da manhã, lá vinha o gatinho para nós darmos uma comidinha. Após receber carinhos e retribuir ele se mandava, fugia, e não conseguíamos pegar o dito. Nos perguntávamos de onde era? Seria da vizinhança? Nunca soubemos de onde ele veio. Eis que certo dia, o tal do gato não apareceu na parte da manhã e eu e minha mãe Mercedes e até a funcionária, ficamos tristes, pensando o que teria acontecido com aquele gato mansinho em tons de cinza rajadinho, tão bonito. Minha mãe Mercedes já havia até dado um nome para o gato: Chico. E assim o chamava, e nem sinal dele aparecer.

Eis que na parte da tarde o Chico aparece, todo ensanguentado no rosto, olhos vermelhos, orelha esfolada, todo arranhado. Não pensamos duas vezes, conseguimos enfim pegar o gato, pois estava debilitado e o levamos para uma Clínica Veterinária em Santa Rosa, que já cuidava de uma outra gatinha nossa chamada Bianca. Curado o bichinho, foi encaminhado para castração e nós íamos adotá-lo, finalmente.

Para a castração foram feitos vários exames e foi constatado que o Chico era portador de um vírus que provavelmente tenha herdado da sua mãe-gata o que é bastante comum em gatos de rua. Não havia cura e o vírus poderia se desdobrar em doenças e a perspectiva de vida do Chico seria encurtada em função disso. Lembro que eu e minha mãe choramos bastante ao saber da notícia. Fomos orientados e mantê-lo sempre bem alimentado e acolhido, o que ajudaria a manter sua imunidade sempre em alta e sempre fazendo exames de controle.

Chico então, ganhou uma família. Recebeu muito carinho, conforto, comida, um lar de verdade! Era sempre muito bem cuidado. Parecia que a doença nunca se manifestaria, enfim, nunca atrapalhou em nada as peraltices do Chico. Dava pra ver o quanto ele era feliz, dando seus passeios matinais pelos telhados da vizinhança!

Várias vezes presenciei ele “escalando” minha mãe. Ele subia no colo, se esfregava na cara dela, mexia nos cabelos e tal, um tremendo brincalhão. Incrível esse Chico, mesmo castrado não perdeu suas manias de dar suas fugidinhas e as vezes voltava todo arranhado de brigas e lá íamos nós pra Clínica Veterinária…

E assim, com o passar do tempo, o Chico foi cativando a todos. Quando alguém mexia no portão de casa, a gata Bianca sumia do mapa num risco, mas o Chico já estava indo lá para recepcionar as visitas e já pulava no colo. Até aqueles que não gostavam de gatos tinham que aguentar quietinhos e receber os carinhos do Chico.

Chico era também um belo resmunguento (risos). Às vezes nos perguntávamos: será que ele tem problemas nas cordas vocais? Ele não mia (tem gatos que não miam). Mas era só interromper algo que ele estava fazendo que era um resmungo só, e nós ríamos muito.

O Chico ensinava a todos como se alongar e se espreguiçar antes de fazer qualquer coisa, ao acordar. Que cena gostosa de se ver: um gato se alongando e se espreguiçando e isso, o Chico fazia inúmeras vezes por dia

Meu amado Chico, como todos os gatos, era rotineiro. Logo ao amanhecer, tínhamos que abrir a janela da cozinha para ele saltar no muro da vizinhança e caminhar por cima dos telhados e depois voltar. Todos os dias percorria esses caminhos e não adiantava abrir portas, tinha que ser pela janela e não qualquer janela, e sim a da cozinha.

Chico tinha a mania de fazer visitas na vizinhança, sempre muito, mas muito mansinho. Tínhamos medo dele ser roubado, tal era a doçura dele…

Ele sempre foi mais apegado à minha mãe e a gatinha Bianca, era apegada a mim. Minha mãe partiu e as coisas se inverteram. O Chico começou a me dar muito mais atenção. Virou meu companheiro inseparável, se tornou “meu filho”, meu “maninho peludo”, juntamente com a gata Bianca, senão ela morria de ciúmes…

Até televisão a gente assistia juntos. E eu sempre fazendo selfies e postando nas redes sociais. Enviava para minhas duas irmãs e para as veterinárias que tanto cuidavam dele. Eita gato-galã. Fazia poses para ser fotografado. Todas fotos registradas do Chico são uma mais linda que a outra.

Chico participava até das minhas sessões de psicoterapia em vídeo. Era iniciar uma chamada em vídeo que vinha o Chico participar um pouquinho. Minha psicóloga disse muitas vezes brincando: vou ter que cobrar duas consultas (risos).

O Chico também conhecia muito bem a minha rotina e todos os dias me esperava do trabalho. Um dia, eu esqueci uma cadeira no pátio da casa, na parte da frente, e quando cheguei já a noitinha, lá estava o Chico sentadinho na cadeira, me esperando. Na hora de eu sair para trabalhar só faltava ele me seguir. Imaginem o Chico dentro de um ônibus escolar. Acredito que iria no colo de todos os alunos. Esse Chico!! Assim dizia minha mãe.

Pelos meus cálculos, se passaram mais de sete anos construindo nossa história de convivência, cheia de coisas boas. Mas vida nos prega peças. Meu Super Chico, no final do ano passado, foi diagnosticado com um dodói dos brabos. Passou por cirurgia delicada feita pelas queridas veterinárias que até  brincavam comigo dizendo: acho que nós não vamos te devolver, ele é muito fofo! e lá iam mais selfies com o meu, com o nosso Super-Chico no colo, sempre acarinhado.

O Super-Chico tirou de letra a cirurgia, fez tratamento e tudo estava indo muito bem. Ele seguiu a sua rotina de encantar a todos que o conheciam. Cuidados nunca faltaram a ele. E ele tirava de letra todos os procedimentos para melhorar a sua saúde.

Mas foi passando o tempo, e o dodói voltou muito mais forte e o Super Chico lutou dignamente até o final, mas sua missão aqui na terra deve ter sido concluída. Ele me fez companhia, à minha falecida mãe e encantou a todos que tiveram a oportunidade de conhece-lo.

E assim o Chico, o Super-Chico, o Chiquinho, o Chico-Pessoa, o meu “irmão peludo” que só faltava falar a nossa língua, porque a dos gatos ele falava, nos deixou na noite do dia 11/06 em seu lar, cercado de todo o carinho possível e muita energia de amor.

Como dizem todas as profissionais veterinárias e minha mana Bethe: se ele não tivesse sido adotado por nós, sua partida teria acontecido muito mais cedo, pois sabemos que gatos de rua (ainda mais portadores de doenças genéticas) não vivem por muito tempo devido a doenças não tratadas, à falta de vacinas e castrações adequadas. E assim, bem cuidado e com carinho o Chico permaneceu bastante tempo entre nós.

Gostaria de agradecer a toda a equipe da Clínica Veterinária, às vizinhas queridas, aos amigos e às minhas irmãs. Em especial a minha irmã Bethe, sempre protetora dos felinos, que sempre me deu todo o suporte, mesmo de longe.

Faz muito bem termos bichinhos de estimação. A gente se apega, ainda mais sendo esse carismático Chico com quem tive a oportunidade de conviver e a quem agradeço por tudo o que me ensinou sobre o amor incondicional. Amor que não julga, que simplesmente ama. Nós, humanos, deveríamos aprender com os pets sobre o amor incondicional.

Ficou a Bianca, uma gatinha branquinha que nem um algodão doce, mais arisca, não tão carinhosa como era o Chico, mas está comigo, firme e forte, me dando força nesse momento de despedida.

Vai com Deus, meu Amado SUPER CHICO! Obrigada por tudo!

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