Tem sido assim há vários anos. Sempre que se aproxima a Semana Farroupilha o compositor Danilo Fagundes divulga uma “homilia”, especialmente escrita por ele para ser utilizada durante a Missa Crioula, celebrada normalmente dia 20 de setembro, Dia do Gaúcho. A Missa Crioula segue os ritos da cerimônia católica, porém utilizando termos característicos a cultura gaúcha.
“A Homilia é o sermão da Missa Crioula em forma de poesia durante as comemorações da Semana Farroupilha. Desde 2016, quando escrevi a primeira homilia, a pedido do Frei Leandro Defendi que, na época, era o Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Horizontina/RS, venho compondo esse estilo de obra de acordo com o Tema dos Festejos Farroupilhas de cada ano, e em 2024 é a minha 9ª homilia consecutiva, onde mesclo os feitos históricos e a biografia do homenageado com a religiosidade, a vida de Cristo e a crença em Deus. Atualmente o Frei Leandro reside na cidade de São José do Inhacorá/RS, onde trabalha de Vigário Paroquial na Paróquia São José e também na cidade de Alegria, na Paróquia São Sebastião, e mais uma vez foi agraciado com mais uma homilia intitulada “Pajador, a Chama aa Esperança”, explica Danilo. O tema deste ano da Semana Farroupilha é uma homenagem ao centenário de nascimento de Jaime Caetano Braun.
Confira abaixa a Homilia composta por Danilo:
Tema dos Festejos Farroupilhas 2024:
Celebração do Centenário de Jayme Caetano Braun
Tema da Música: O Pajador – A História do Rio Grande
Tema da Chama Crioula: Chama da Esperança
Homilia 2024
PAJADOR, A CHAMA DA ESPERANÇA
Autor: Danilo Fagundes – Tucunduva/RS – setembro de 2024.
É claro que por traz de tudo, temos o exemplo do Criador
A vida é mesmo uma pajada, poesia, inspiração…
Nos dá a luz da sabedoria, nos dá vida, mostra o caminho
Temos, então, que criar a própria pajada, cumprir a nossa missão.
Nos altares dos templos santos vamos deixando versos e rimas
De galpão em galpão adquirindo identidade, construindo a nossa história
Tudo aquilo que aprendemos do Pai – Pajador, Velho Tropeiro
Perpetuando a cultura e os costumes, para sempre em nossa memória.
Com cidadania e civismo, profundo respeito ao nosso chão
Jaime Caetano Braun e seus parceiros de arte cantaram pedindo justiça
Defenderam os direitos dos índios, dos negros, de todo o povo gaúcho
Pregaram “que nos momentos mais difíceis não se pode ter preguiça”.
Assim na pajada da vida quem socorre, protege, acolhe
É o Pai, Divino Tropeiro, a centelha da esperança
Nos deu o Menino Santo para ser nosso sinuelo
Na missão de salvar o mundo, abençoada criança.
O maior dos pajadores com rimas de paz e luz
Filho do Espírito Santo, por nós chamado Jesus
Escreveu versos benditos firmando eterna aliança
E na derradeira pajada nos deu a vida na cruz.
Parece pura ironia, mas não, tudo estava escrito
Se o Pai assim ordenou, a profecia se fez pajada
Nos deu o dom de pensar, criar e de escrever
Assim é o Bom Pastor, não perde uma ovelha na estrada.
Se os versos de uma pajada é alma da tradição
Assim a vida de Cristo preenche a alma da gente
Nos faz recordar que a morte com tamanho sofrimento
Foi pra salvar do pecado, da fome, da guerra e da enchente.
Também a chama crioula que acende o mês de setembro
Devemos manter sempre viva como um elo de confiança
Chimangos e maragatos unidos num mesmo ideal
A luz do Pajador Santo é a Chama da Esperança.
Como falar em pajada
Sem Jayme Caetano Braun?
Como buscar vida eterna
Sem o Velho Patrão do Ceu…