A primeira faculdade federal pública do Brasil, foi criada no ano de 1808 na Bahia. As faculdades públicas federais cresceram e se proliferaram com o objetivo de oferecer uma oportunidade de estudo às classes mais pobres da população, que não tinham condições de estudar em universidades privadas. Só que na verdade não foi isso que acabou acontecendo. Com o passar do tempo a esmagadora maioria dos frequentadores dos cursos mais procurados, como medicina, odontologia e direito, eram egressos de escola privadas ou ainda tiveram passagem pelos caros cursinhos pré-vestibulares. Infelizmente a estatística mostra que apenas em torno de 30% dos alunos que estão em universidades federais, estudaram em escolas públicas. Este número é ainda mais reduzido nos cursos mais procurados, como os citados acima.
Então ingressar em uma faculdade sempre é motivo para se comemorar, quando um egresso de escola pública consegue ingressar em um concorrido curso como o de medicina em uma faculdade federal a comemoração é ainda maior. Foi o que aconteceu com a jovem tucunduvense Ketlin Angelin. Ela é filha de um casal muito conhecido na comunidade. A mãe Claci é Secretária da Saúde em Novo Machado, o pai Laércio é Vereador e atual Presidente da Câmara de Vereadores de Tucunduva. Ambos estão orgulhosos e felizes do feito da filha. Ela sempre estudou em escola pública. Das séries iniciais até o ensino fundamental em Tucunduva e depois o ensino médio no Instituto Federal Farroupilha onde também fez o curso de técnico em móveis. Ketlin sempre acalentou o sonho de cursar medicina, mas este sonho poderia esbarrar na falta de recursos da família para bancar uma faculdade particular. Ela então fez do seu sonho um objetivo de vida, e após concluir o ensino médio passou a estudar em casa, por conta própria, enquanto tentava o ingresso, via Enem, no curso desejado. O pai Laércio conta que foram três anos de muita dedicação. “Ela ajudava nas tarefas domésticas, mas a gente via o empenho dela, que estudava por conta em torno de 8 horas por dia em casa”. A mãe também comemora o feito e também reconhece o empenho da filha: ‘Dividir essa notícia é algo gratificante, é a certeza de que com luta, esforço e dedicação é possível concretizar sonhos! Porque essa tua conquista é resultado de muito estudo, foco, força e fé”, escreveu Claci em seu perfil na rede social Facebook.
Ketlin foi aprovada em uma das faculdades públicas de medicina mais concorridas do Estado, a Universidade Federal da Fronteira Sul de Passo Fundo. “Famílias como nossa, sem condições de bancar estudo particular, receber e poder dividir uma notícia dessas é com certeza muito gratificante!”, concluiu Claci. O pai Laércio, lembra de uma passagem recente de muita dificuldade para a família, quando ele contraiu Covid e esteve por vários dias entre a vida e a morte na UTI de um Hospital: “Quando estive acamado pela Covid por quase 30 dias ela fez uma postagem que eu só pude ler quando retornei pra casa. Na publicação ela pedia a Deus que eu melhorasse para um dia ver ela se formando em Medicina. Pois bem, essa semana recebemos a grata noticia que ela passou na UFFS de Passo Fundo para Medicina. Que quão grande feito Ketlin. Mas isso tudo só foi possível graças a Deus. Parabéns minha filha” declarou o orgulhoso pai.
